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fashion, girl, and black image

As luzes estão apagadas e escrevo apenas com a claridade que provêm do ecrã do meu modesto computador. Lá fora a terrinha cidade adormece lentamente.

Tenho os meus olhos fixos numa fotografia e os meus dedos fixos num teclado.

Olho atentamente para a foto uma vez mais, como se nestas últimas semanas não tivesse olhado para ela todos os dias.

Duas raparigas sorriem-me. Uma tem um cabelo castanho espesso que lhe emoldura suavemente o rosto, uns olhos avelãs e um sorriso quase sarcástico, com os lábios pintados de um vermelho sangue a esticaram-se até uma covinha tímida. 

A outra sorri abertamente, de tal forma que parece iluminar todo o pequeno espaço da foto, trincando a língua, fazendo lembrar uma pequena criança traquina. Também existe qualquer coisa de infantil nos seus olhos. Uma vibração tão alegre e pura que faria qualquer um automaticamente querer estar em seu redor.

As duas raparigas parecem tão radicalmente diferentes que me custa acreditar que sejam amigas. 

A verdade é que não o são. A sua relação já à bastante tempo que ultrapassou essa simples barreira. Agora chamam-se de irmãs. Porque não? Quando olham nos olhos uma da outra sentem que podem contar coisas que não contam a mais ninguém, sentem que se compreendem, sentem-se completas. 

Agora já nem isso é necessário. Uma distância física enorme separa-as mas elas, no entanto, continuam mais próximas que nunca. Se a primeira rapariga entender a sua mão, de dedos finos e alongados, já não encontra a mão pequena e suave da segunda rapariga. Já não existem os abraços que existiam, nem a troca de olhares psíquica mas o importante continua lá. As suas almas continuam interligadas.

A primeira rapariga pensa muito na segunda durante o seu dia. Quando acorda diz sempre um "Bom Dia" para a fotografia, quando caminha sozinha até à faculdade imagina o quanto a outra iria adorar as simples coisas que lhe aparecem no caminho... O edifício mais belo a degradar-se, o cão que se deita ao sol, os alunos trajados, as pessoas que parecem verdadeiramente atarefadas, os carros que passam. 

Hoje a primeira rapariga ia na rua enquanto chovia. Como sempre o guarda chuva ficou em casa. Os seus cabelos estão ensopados, o seu nariz a pingar, as suas roupas amarrotadas mas, de um momento para o outro o sol aparece, iluminando tudo em seu redor.

A rapariga atira a cabeça para trás, fecha os olhos e em plena praça repleta de turistas, transeuntes e pombos solta a mais sonora gargalhada, sentindo as gotas frias deslizando-lhe pela cara misturadas com o intenso e súbito calor do sol.

Durante um segundo quase tinha sentido a gargalhada da segunda rapariga misturar-se com a sua. Ao levantar os olhos para o céu viu o que lhe pareceu o mais belo arco-íris de sempre. Sorriu e desejou que ela estivesse ali para o ver também.  

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girl, black and white, and model image

Acho que se pode dizer que já sentia falta disto. Dos meus dedos a tocarem as teclas do computador da mesma maneira que tocam nas do piano. Dançando.

Tinha saudades de falar para este público invisível que me conhece melhor que alguns amigos ou familiares. Tenho de confessar que (tal como já devem ter percebido) não sou a pessoa mais estável e constante no mundo no que diz respeito à frequência de escrita.

Finalmente estou na universidade e de certa forma é um sonho tornado realidade. Apesar de ser um dia a dia extremamente cansativo quem corre por gosto não cansa, não é verdade?


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