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Dizem que mudar é parte da vida do ser humano. Ora, e se eu não quiser mudar? E se por vezes me apetecer ficar agarrada ao presente? Ou, pior que tudo, ao passado?

Tudo isto por causa de pessoas. Frágeis seres humanos que eu já considerei como irmãos e que com o tempo sinto que me afasto, mais e mais e mais...

Olho para eles e já não vejo as semelhanças que outrora me faziam pensar que seriamos amigos para sempre. Já não vejo o meu amigo. É o mesmo corpo mas não é a mesma pessoa.

Uma parte de mim quer chorar, agarrá-los, sacudi-los perguntar-lhes o que aconteceu. O que fizeram? Porque mudaram? Porque arruinaram tudo?

Mas outra parte de mim, uma parte mais calma, ponderada, sábia talvez, agarra esse meu lado furioso suavemente pela mão e sussurra-lhe: "Onde está aquela rapariga frágil que chorava sempre ao adormecer? Onde está aquela rapariga cheia de fogo que odiava quase tudo e quase todos? Elas também se foram Ana".

Dou razão às duas no entanto. Eles mudaram, sim, mas eu ainda mudei mais.

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As luzes estão apagadas e escrevo apenas com a claridade que provêm do ecrã do meu modesto computador. Lá fora a terrinha cidade adormece lentamente.

Tenho os meus olhos fixos numa fotografia e os meus dedos fixos num teclado.

Olho atentamente para a foto uma vez mais, como se nestas últimas semanas não tivesse olhado para ela todos os dias.

Duas raparigas sorriem-me. Uma tem um cabelo castanho espesso que lhe emoldura suavemente o rosto, uns olhos avelãs e um sorriso quase sarcástico, com os lábios pintados de um vermelho sangue a esticaram-se até uma covinha tímida. 

A outra sorri abertamente, de tal forma que parece iluminar todo o pequeno espaço da foto, trincando a língua, fazendo lembrar uma pequena criança traquina. Também existe qualquer coisa de infantil nos seus olhos. Uma vibração tão alegre e pura que faria qualquer um automaticamente querer estar em seu redor.

As duas raparigas parecem tão radicalmente diferentes que me custa acreditar que sejam amigas. 

A verdade é que não o são. A sua relação já à bastante tempo que ultrapassou essa simples barreira. Agora chamam-se de irmãs. Porque não? Quando olham nos olhos uma da outra sentem que podem contar coisas que não contam a mais ninguém, sentem que se compreendem, sentem-se completas. 

Agora já nem isso é necessário. Uma distância física enorme separa-as mas elas, no entanto, continuam mais próximas que nunca. Se a primeira rapariga entender a sua mão, de dedos finos e alongados, já não encontra a mão pequena e suave da segunda rapariga. Já não existem os abraços que existiam, nem a troca de olhares psíquica mas o importante continua lá. As suas almas continuam interligadas.

A primeira rapariga pensa muito na segunda durante o seu dia. Quando acorda diz sempre um "Bom Dia" para a fotografia, quando caminha sozinha até à faculdade imagina o quanto a outra iria adorar as simples coisas que lhe aparecem no caminho... O edifício mais belo a degradar-se, o cão que se deita ao sol, os alunos trajados, as pessoas que parecem verdadeiramente atarefadas, os carros que passam. 

Hoje a primeira rapariga ia na rua enquanto chovia. Como sempre o guarda chuva ficou em casa. Os seus cabelos estão ensopados, o seu nariz a pingar, as suas roupas amarrotadas mas, de um momento para o outro o sol aparece, iluminando tudo em seu redor.

A rapariga atira a cabeça para trás, fecha os olhos e em plena praça repleta de turistas, transeuntes e pombos solta a mais sonora gargalhada, sentindo as gotas frias deslizando-lhe pela cara misturadas com o intenso e súbito calor do sol.

Durante um segundo quase tinha sentido a gargalhada da segunda rapariga misturar-se com a sua. Ao levantar os olhos para o céu viu o que lhe pareceu o mais belo arco-íris de sempre. Sorriu e desejou que ela estivesse ali para o ver também.  

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Acho que se pode dizer que já sentia falta disto. Dos meus dedos a tocarem as teclas do computador da mesma maneira que tocam nas do piano. Dançando.

Tinha saudades de falar para este público invisível que me conhece melhor que alguns amigos ou familiares. Tenho de confessar que (tal como já devem ter percebido) não sou a pessoa mais estável e constante no mundo no que diz respeito à frequência de escrita.

Finalmente estou na universidade e de certa forma é um sonho tornado realidade. Apesar de ser um dia a dia extremamente cansativo quem corre por gosto não cansa, não é verdade?


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♥●•↑

Consigo ouvir a mudança. Aproxima-se... Como um comboio descontrolado ou como uma onda imparável.

Tenho de confessar que ela me assusta mas no fundo todos os seres humanos têm medo do que desconhecem. Quantos anos esperei eu por uma mudança destas, quanto trabalhei para que ela acontecesse?

Porém, agora que a realidade vai assumir a forma dos meus sonhos dou por mim a pedir ao tempo para voltar para trás, para poder rever memórias preciosas que tenho medo de nunca conquistar novamente.


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kiss my darkness | via Tumblr

"Tudo acontece por uma razão"

Repito esta frase a mim própria, todos os dias, a todos os momentos, esperando encontrar alguma espécie de conforto no meio de toda a tristeza que me envolve, me sufoca.

Todos parecem achar que sou tão forte.
Mas que alternativa tenho eu sem ser lutar? Existem dias bons, excelente mesmo, e outros tão maus que não existem palavras para os descrever. Se eu me conformar todos os meus dias entrarão em conformidade com a segunda opção.

"Tudo acontece por uma razão"

Na verdade estou presa a uma pergunta que atormenta a humanidade desde o início e dela não consigo avançar. Tento amar, tento sorrir, tento fazer-te feliz, ouço todas as tuas palavras e conforto-te mas no fundo sinto-me vazia, como se caminhasse neste mundo sem propósito.

"Tudo acontece por uma razão"

É uma fase, dizem eles. Espero que sim.

-Ana C.

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Lembro-me tão bem dela... Mas talvez seja um exagero dizer "como se fosse hoje".

Lembro-me da forma como via o mundo, como se fosse todo um universo para ela descobrir, repleto de novas aventuras e novas gargalhadas a cada virar da esquina.

Lembro-me dela um bocadinho mais crescida... O mundo com que tanto sonhara estava guardado dentro dela, dentro da sua mente e era aí que passava horas, sozinha, longe das palavras e dos pensamentos negros dos outros.

Infelizmente, nessa época, lembro-me mais de a ver chorar do que de a ver sorrir.

Os anos passaram e só me lembro de a ver com raiva. A forma como achava que o mundo estava errado e que precisava urgentemente de uma revolução. Das suas emoções à flor da pele... Como podia passar de bestial a besta numa questão de segundos.

Lembro-me de ver uma mudança nela... Algo se acalmou. O fogo, que ardia desesperado e louco, tornou-se controlado e confortável dentro dela.

Pela primeira vez vi-a a confiar verdadeiramente nas pessoas, vi-a a fazer amigos, vi-a a dedicar-se aos seus sonhos...

Levanto os olhos e vejo-a ao espelho neste momento, fitando-me de volta. Não vejo uma criança sonhadora, não vejo uma pré-adolescente destroçada, não vejo uma adolescente enraivecida... Mas também não vejo uma mulher.

Que tipo de lembrança serei para um eu futuro?

-Ana C.

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Vamos esquecer o mundo lá fora uns momentos.

Abstraiam-se do som dos carros, das vozes dos vossos vizinhos... Desliguem a televisão, apaguem as luzes.

Fechem os olhos e mergulhem naquele silêncio que tanto pode ser aterrador como intensamente fascinante. Aquele silêncio e tranquilidade que nos mata e simultaneamente nos faz sentir vivos.

Não quero que pensem em pessoas... Neste momento os seres humanos não necessitam de ter a menor importância.

Pensem em vocês. Quem são vocês?

Mais do que marcas que usam, mais do que doenças que tenham, mais do que o sítio onde vivem...

Que marca vão deixar no mundo? pensem nisso... Porque viver sem causa não é viver, é simplesmente esperar a morte com um sorriso forçado no rosto.

Mantenham-se fiéis a vocês, às vossas crenças. Se acreditam num deus dediquem-se a ele. Se acreditam no amor espalhem-no. Se acham que o mundo está errado mudem-no.

Lá fora, no silêncio, ele continuou a girar enquanto lias estas palavras. E vai continuar a fazê-lo mesmo que não o queiras, mesmo que o ignores.

O mundo e a vida não querem saber se é o momento errado para te atirarem as oportunidades certas.

-Ana C.

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