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Lembro-me tão bem dela... Mas talvez seja um exagero dizer "como se fosse hoje".

Lembro-me da forma como via o mundo, como se fosse todo um universo para ela descobrir, repleto de novas aventuras e novas gargalhadas a cada virar da esquina.

Lembro-me dela um bocadinho mais crescida... O mundo com que tanto sonhara estava guardado dentro dela, dentro da sua mente e era aí que passava horas, sozinha, longe das palavras e dos pensamentos negros dos outros.

Infelizmente, nessa época, lembro-me mais de a ver chorar do que de a ver sorrir.

Os anos passaram e só me lembro de a ver com raiva. A forma como achava que o mundo estava errado e que precisava urgentemente de uma revolução. Das suas emoções à flor da pele... Como podia passar de bestial a besta numa questão de segundos.

Lembro-me de ver uma mudança nela... Algo se acalmou. O fogo, que ardia desesperado e louco, tornou-se controlado e confortável dentro dela.

Pela primeira vez vi-a a confiar verdadeiramente nas pessoas, vi-a a fazer amigos, vi-a a dedicar-se aos seus sonhos...

Levanto os olhos e vejo-a ao espelho neste momento, fitando-me de volta. Não vejo uma criança sonhadora, não vejo uma pré-adolescente destroçada, não vejo uma adolescente enraivecida... Mas também não vejo uma mulher.

Que tipo de lembrança serei para um eu futuro?

-Ana C.

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2 comentários

  1. Identifiquei-me tanto Lace. Em tudo.
    Nem há palavras.

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  2. Acho que no fundo todos temos um bocadinho destes sentimentos dentro de nós e é isso que nos liga enquanto humanos, enquanto adolescentes.

    Obrigada por teres comentado e podes-me tratar por Ana (:

    Beijinhos,

    Ana C.

    ResponderEliminar

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